Janeiro&Religião - O que é religião no Brasil? Parte II

 


Saudações Amorosos! Prontos para mais um post? Hoje eu to só no Redbull rsrs'

Hoje o assunto é mais light, irei abordar sobre: Tradições e Rituais no Brasil, mais específicamente sobre uma festa católica e algo bem raso sobre a Umbanda e Candomblé para não ficar tão extenso e para, quem sabe, eu ter mais sobre o que abordar no futuro.

     Ao adentrar nas tradições religiosas brasileiras, somos imersos em um espectro de rituais e celebrações que ecoam através dos tempos. Inspirados pelo Círio de Nazaré, festividade católica que remonta ao século XVIII, compreendemos que o Brasil carrega uma herança cristã rica. No entanto, as tradições sincréticas, como o Candomblé e a Umbanda, merecem uma análise detalhada, como propõe Gilberto Freyre, destacando o sincretismo religioso como uma característica fundamental da cultura brasileira, onde elementos africanos se amalgamam de maneira singular com práticas católicas.

    A tradição do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, é uma ilustração vívida da devoção popular católica, refletindo a continuidade de práticas religiosas ao longo dos séculos. 


    
O Círio de Nazaré, realizado anualmente em Belém, é uma manifestação religiosa que transcende a fé, tornando-se uma expressão central da identidade paraense. Como afirmou o escritor paraense Dalcídio Jurandir, "O Círio de Nazaré é um canto da alma de Belém, uma oração do povo". A devoção à Virgem de Nazaré, que remonta ao século XVIII, representa uma síntese única de fé, cultura e tradição que se consolidou como um dos maiores eventos religiosos do Brasil.

    A grandiosidade do Círio não está apenas em sua dimensão religiosa, mas também em sua capacidade de unir a população paraense em torno de uma tradição compartilhada. Como observou o antropólogo Gilberto Velho, "O Círio de Nazaré é mais do que uma prática religiosa; é um fenômeno sociocultural que reafirma os laços comunitários e preserva a memória coletiva". A procissão que percorre as ruas de Belém, com milhares de fiéis, destaca a importância desse evento para a construção da identidade local.

As Anedotas do Círio de Nazaré


    Ao longo dos anos, o Círio de Nazaré testemunhou momentos inusitados e situações imprevistas, ilustrando a complexidade e a imprevisibilidade de eventos de tal magnitude. Desde suas primeiras transladações, alguns episódios marcaram a trajetória do Círio com uma pitada de humor. Relatos históricos mencionam a vez em que uma forte chuva interrompeu a procissão, levando um devoto a declarar: "A Virgem de Nazaré lavou nossos pecados, mas esqueceu de olhar a previsão do tempo!".

    Outra situação notável ocorreu em meados do século XX, quando a berlinda da Virgem de Nazaré ficou presa em uma das vielas estreitas do bairro de Nazaré. Esse contratempo levou um dos romeiros a comentar de forma bem-humorada: "A Santa quis dar uma voltinha pelas ruas do bairro antes de chegar à Basílica!" Esses relatos de empecilhos e incidentes inusitados, ao invés de enfraquecer a devoção, fortalecem a resiliência e o espírito festivo que caracterizam o Círio de Nazaré.

    No entanto, ao examinarmos as tradições sincréticas, percebemos uma influência profunda das religiões de matriz africana na cultura brasileira. O Candomblé, com suas raízes no culto aos orixás, e a Umbanda, com seu sincretismo entre as religiões africanas, indígenas e católicas, destacam como a espiritualidade brasileira é intrinsecamente ligada à diversidade cultural. 

    O culto no candomblé e na umbanda é mais do que uma prática religiosa; é uma expressão profunda da espiritualidade que permeia a identidade cultural do povo brasileiro. No candomblé, os rituais são marcados por uma conexão íntima com os orixás, divindades que representam forças da natureza e aspectos da vida. Como afirmou o antropólogo Roger Bastide, "o candomblé é um reflexo da alma africana no Brasil, um testemunho vivo da continuidade espiritual que transcende fronteiras temporais."

    Na umbanda, o culto é caracterizado pela diversidade de entidades espirituais, cada uma com sua própria identidade e função. A umbanda, como observou o sociólogo Edison Carneiro, "é uma síntese que abraça diferentes influências culturais, oferecendo uma espiritualidade inclusiva e adaptável às necessidades do povo brasileiro." Ambas as tradições desempenham papéis cruciais na construção da religiosidade brasileira, proporcionando uma alternativa à hegemonia religiosa dominante e incorporando elementos autênticos das raízes africanas no contexto brasileiro.

 Entre a Espiritualidade e o Humor


    A rica tradição dos cultos no candomblé e na umbanda não está isenta de momentos inusitados e até mesmo cômicos. Relatos históricos descrevem situações em que a intensidade espiritual foi interrompida por eventos inesperados. Há relatos, por exemplo, de uma vez em que uma ventania forte derrubou elementos decorativos durante uma cerimônia de candomblé, levando alguns presentes a comentar, com um toque de humor, que os orixás estavam fazendo uma entrada dramática.

    Outra narrativa pitoresca envolve uma sessão de umbanda onde, devido a um mal-entendido nas comunicações entre médiuns, diferentes entidades começaram a "conversar" entre si, resultando em momentos de descontração entre os participantes. Esses relatos, embora destaquem a seriedade do culto, também revelam a humanidade por trás da espiritualidade, demonstrando que, mesmo nos momentos mais sagrados, o humor e a improvisação podem encontrar espaço.

   


    O impacto dessas religiões vai além do âmbito religioso, influenciando a cultura, a música, a dança e até mesmo a língua. O sincretismo presente na Umbanda, por exemplo, promove a coexistência de entidades de diferentes origens culturais e religiosas, refletindo a diversidade étnica do Brasil. Já o candomblé, ao manter tradições africanas autênticas, age como uma âncora cultural, preservando elementos essenciais da herança africana no contexto brasileiro. Ambas as religiões, ao desafiarem a hegemonia católica e propor novas formas de espiritualidade, contribuem para a construção de uma identidade religiosa plural e inclusiva no Brasil.

     Abaixo, destaca-se algumas diferenças nos cultos:


Origens Históricas e Culturais:

    O candomblé tem raízes profundas nas tradições religiosas africanas, especificamente nas práticas dos povos iorubás, jejes e bantos, que foram trazidos ao Brasil pelos escravizados. Por outro lado, a Umbanda é uma religião mais recente, surgida no início do século XX no contexto urbano brasileiro, incorporando elementos do espiritismo, do catolicismo e das tradições africanas.


Sistema de Divindades:

    No candomblé, as divindades são conhecidas como orixás, entidades que representam forças da natureza e aspectos da vida. Na Umbanda, há uma diversidade maior de entidades, incluindo caboclos, pretos-velhos, crianças e exus, que são incorporados por médiuns para transmitir mensagens e realizar trabalhos espirituais.


Ritualística e Sacrifícios:

    O candomblé é conhecido por suas cerimônias elaboradas, incluindo o sacrifício animal, uma prática que visa alimentar os orixás e estabelecer uma conexão direta com eles. Na Umbanda, a ritualística é menos formal, e não há o sacrifício de animais. A ênfase está na caridade e na assistência espiritual.


Sincretismo Religioso:

    O candomblé manteve uma relação mais próxima com as tradições africanas, resistindo ao sincretismo religioso. Já a Umbanda é notável pelo sincretismo, incorporando elementos católicos em suas práticas, como a utilização de imagens de santos.


Hierarquia e Organização:

    O candomblé possui uma estrutura hierárquica mais rígida, com a figura do babalorixá ou ialorixá ocupando posição central. Na Umbanda, a estrutura é mais flexível, com diferentes tipos de lideranças, como pais e mães de santo, e menos formalidade.


Língua Ritual:

    O candomblé muitas vezes utiliza línguas africanas em seus rituais, como o iorubá. Na Umbanda, o português é predominante, refletindo a influência da cultura brasileira na religião.


Uso de Instrumentos Musicais:

    O candomblé é marcado por cantos, danças e o uso de instrumentos tradicionais, como atabaques. Na Umbanda, há uma variedade maior de instrumentos, e a música é uma parte importante dos rituais, mas a atmosfera é geralmente mais informal.


Templos e Terreiros:

    Os locais de culto no candomblé são chamados terreiros, geralmente dedicados a um orixá específico. Na Umbanda, os espaços são conhecidos como templos, e a diversidade de entidades possibilita uma maior flexibilidade na organização do espaço.


Abordagem Espiritual:

    O candomblé tem uma abordagem mais tradicional e conservadora em relação à espiritualidade, mantendo vínculos fortes com as práticas africanas. A Umbanda, por ser mais recente e urbana, é mais adaptável às mudanças sociais e culturais.


    
Em resumo, enquanto o candomblé e a Umbanda compartilham raízes afro-brasileiras, suas práticas, estruturas e abordagens espirituais são distintas, refletindo a rica diversidade religiosa do Brasil.

    Neste pequeno mergulho nas tradições e rituais, torna-se evidente que a religiosidade no Brasil não se limita a uma única narrativa, mas é complexa e multifacetada, reflete as inúmeras influências que moldaram a nação. Ao compreendermos essas tradições, estamos mais equipados para apreciar a riqueza cultural e espiritual que permeia a experiência religiosa brasileira.


Bom, espero que tenham gostado e semana que vem tem mais! Me deem uma força no Insta <3 @biririti.designer, beijos!


Referência:

Viveiros de Castro, Eduardo. "A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia." Cosac Naify, 2002.

Velho, Gilberto. "O Mistério do Samba: Um Estudo de Música Popular Brasileira." Zahar, 1995.

Jurandir, Dalcídio. "Crônica da cidade de Belém." Livraria Martins Editora, 1967.


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