Capítulo 06
Em um lugar escuro, sentado em uma cadeira com as mãos e pés
amarrados, Masamune se movia freneticamente tentando se soltar, sua voz já
estava rouca de tanto que havia gritado por ajuda. Seus pulsos e pernas estavam
tão apertados que o fazia ter certeza que estava os machucando ainda mais ao
tentar se soltar.
-Pequeno Masamune – Ouve a mesma voz
estridente de sempre próximo ao seu ouvido – Venha para casa... – Sente algo percorrer seu corpo, tocando cada
centímetro de seu abdômen, devagar, lhe causando repulsa e por mais que se
movesse, não conseguia fazer aquilo parar e por mais que tentasse, não
conseguia ver o que estava a lhe tocar.
Masamune
acorda se sentando na cama, ofegante e suado, sua cabeça latejava, ele se sente
nauseado e com nojo do próprio corpo. Indo em direção ao banheiro, ele observa
o seu alarme na escrivaninha e percebe que ainda não era nem uma da manhã.
-... –
Suspira abrindo a porta do banheiro – Ah.... Mais uma noite....
Após o banho,
Masamune sai de casa, aproveita as ruas vazias e sente o ar gelado da madrugada
em seu rosto.
-Que tal uma
caminhada? – Masamune fala colocando suas mãos no bolso do short preto.
Caminhando
sem rumo e percebendo que sua visão havia melhorado bastante, de repente ele
ouve a voz estridente como em um sussurro vindo de trás de si.
-Masamune....
O rapaz vira
para trás e apenas vê sua casa um pouco distante, não havia ninguém ao seu
redor. Ele ouve novamente o seu nome ser chamado, porém, dessa vez o sussurro
vinha de uma sombra ao seu lado esquerdo. Masamune se arrepia e ao virar para o
lado, seus olhos são fechados. Ao abrir os olhos novamente, ele estava deitado
no chão pedregoso próximo ao riacho, no meio da mata. Sem saber como chegou
ali, ele olha para todos os lados e percebe que não havia ninguém. Mesmo que
parecesse que estava dormindo, o cansaço do seu corpo havia se multiplicado
como se não tivesse dormido nada e ao perceber o sol nascendo, ele se levanta
rapidamente e começa a correr em direção a sua casa.
Yuki atende o
celular ao abrir a porta do seu quarto e diz.
-O que?
-É assim que
trata seus mais velhos?! – A voz masculina do outro lado fala.
-Velho, estou
saindo para a escola – Fecha a porta ao ver Noah passar e tranca – O que quer
que seja, fale rápido.
-Você já
achou o fugitivo?
-Sim, ele
está do tamanho de um poodle agora... – Sarcástico.
-Ele
retrocedeu? Como?
-Eu não sei e
quero saber.... Por isso ainda não o levei para o centro de detenção. Tem tanta
coisa acontecendo ao mesmo tempo que eu nem sei quando terei tempo para isso.
-Yuki, você
não está aí para cuidar.... – É interrompido.
-Eu sei – Vê
Masamune correndo e entrando em casa – te ligo depois. – Desliga e guarda o
telefone no bolso descendo as escadas rápido – Masamune!? – Bate na porta –
Masamune?! Aconteceu algo?!
-Entra! –
Masamune fala alto.
Yuki entra com
um pouco de desespero, abre a porta do quarto de Masamune e percebe que o rapaz
estava de costas par ele, sem camisa, colocando a parte de baixo do uniforme.
Em suas costas brancas haviam várias cicatrizes, algumas profundas, outras mais
amenas.
-O que...? –
Ele balbucia.
-Eu não
consegui dormir – Vira-se para ele terminando de fechar a blusa do uniforme as
pressas e Yuki percebe algumas cicatrizes de relance na horizontal abaixo de
sua cintura, eram tantas que ele não consegue contar antes de Masamune terminar
de a abotoar – Então fui caminhar e perdi a hora.... Pronto! – Pega sua mochila
que estava no chão encostada na cama.
-Você... –
Olha nos olhos de Masamune, que havia se aproximado e coloca sua mão no rosto
dele, passando o dedão devagar abaixo de seu olho – está a quantos dias sem
dormir direito?
Masamune
penas sorri e o empurra para fora do quarto falando.
-Vamos nos
atrasar.
No intervalo,
Masamune vai para a sala de Carlos e Mashida. Carlos estava sentado em sua
carteira enquanto Mashida estava de pé ao lado dele conversando. Masamune
apenas se aproxima e diz olhando para Carlos e batendo no ombro de Mashida.
-Como vai a
cabeça?
-Masa! –
Mashida fala olhando para o rapaz.
-Melhor vendo
que a sua ainda está no corpo – Carlos fala olhando para Masamune.
-Não está
doendo? – Preocupado.
-Mashida me
fez tomar tantos remédios que pensei que iria ter uma overdose.
-Mas, sente
alguma dor? – Mashida pergunta.
-Nope! – Olha
para frente e percebe Auro saindo da sala.
-Não precisa
me agradecer.
-Haha –
Suspira – Eu preciso ir no banheiro, já volto – Se levanta.
-Ok.... –
Masamune diz – eu vou na cantina, Mashida?
-Vou ficar
aqui – Esfregar a barriga com uma mão enquanto coloca a outra no bolso – estou
um pouco preguiçoso.
Masamune
segue na direção contrária de Carlos. Ao chegar na cantina, que ficava mais
próxima das grades da escola do que das salas de aula em si, entra na fila e
fica pensativo olhando os letreiros. Sente uma mão passar por seu ombro, lembra
de seu sonho e pula assustado olhando para a pessoa que lhe abraçava.
-Charly! –
Suspira aliviado – não trouxe seu almoço hoje? – Sorri.
-Trouxe –
Aperta o garoto – estava só andando sem rumo até que vi você aqui.
-Suas fãs vão
me matar se te verem comigo.
-Oh.... –
Belisca a barriga de Masamune – Está com medo do nosso amor proibido? – Belisca
mais algumas vezes – Ein? Ein? – Rindo.
-Ah – Ri se
contraindo – Para! – Segura mão dele – Como poderia? – Sarcástico.
-Soube da
mesa.
-E da
cadeira?
-Também....
Pensei que isso já havia acabado.
-Enquanto eu
me mantenho fora de notícias – Observa o letreiro – as coisas ficam calmas,
porém, acredito que a crise de Sara e seus comentários tenham afetado essa paz.
-É bom que
conhece os truques antigos.... Bem, se tiverem novos.... Como o que houve com
Carlos.... Meus pais ligaram desesperados a noite inteira.... A escola foi
intimada.... As coisas estão ficando complicadas....
-Me desculpe
por isso.... – Triste – O que aconteceu foi minha culpa....
-Nada disso é sua culpa! A culpa
é das pessoas que não sabem lidar com os seus próprios sentimentos e
externalizam eles de maneira errada....– Aperta as bochechas de Masamune e
sorri – Tudo vai ficar bem logo, logo, ok?
Masamune
retira as mãos do rapaz de seu rosto e ri. Charly vai embora um pouco depois
para resolver assuntos do clube. Comendo um sanduiche, Masamune começa a andar
a caminho da sala e encontra Yuki lhe observando de cara fechada. Ele para em
frente dele e pergunta.
-Algo aconteceu?
-Quem era
aquele cara?
-Quem? –
Pensa – Charly?
-Então....
Esse é o famoso Charly.... – Olha ao redor – qual o seu relacionamento com ele?
– Com um tom de crítica.
-Por que está
me perguntando isso? – Estranha.
-Não é
estranho ficar de conversa por ai com qualquer um enquanto estamos com todos
esses problemas? Com gente querendo a sua cabeça?
-Deixa eu te
falar uma coisa – Sério – minha vida é assim desde que me entendo por gente e
primeiro, esse “qualquer um” é meu amigo de infância, segundo, eu não devo
satisfações a você! – Passa por Yuki em direção a sala de aula.
Enquanto
isso, Carlos fica do lado de fora do banheiro encostado na parede próximo a
porta. Ao ver Auro sair, ele fala e o garoto para.
-Precisamos
conversar.
-Eu não tenho
nada par falar com você – Auro fala e ameaça ir embora.
-Vem – Pega
Auro pelo braço e o puxa.
-Hei! Está me
machucando! Carlos!
Carlos entra
na primeira sala vazia que encontra e empurra o garoto para dentro trancado a
porta. De frente para Auro, Carlos diz.
-O que pensa
que está fazendo?
-Do que está
falando!? – Auro diz tentando ficar calmo.
-Não se faça
de inocente Auro! – Pega Auro pelo braço.
-Para! –
Retira seu braço da mão dele – eu não sei do que você está falando!
-Você jogou o
vaso pela janela do 3° andar ontem! Que pena que não o acertou, não é mesmo? [...] Clique Aqui para continuar a leitura.
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