Ao tentar se olhar no espelho, a imagem refletia uma silhueta
borrada, aparentemente sem vida ou propósito. Apenas uma silhueta que se movia
com as cores de areia sem rumo de um lado para o outro. Ao olhar para o lado
naquele lugar fechado e escuro, uma voz sussurra o seu nome, uma voz
nostálgica, uma voz que antes o acalmava, devagar ele fecha os olhos e percebe que
a voz estava ficando cada vez mais alta e seu tom suave havia mudado para um
tom grotesco e assustador. O jovem rapaz então, abre seus olhos assustado, a
sua frente estava a silhueta de uma mulher. Ele não conseguia ver detalhes do
seu corpo, apenas uma mulher borrada.
-Masamune.... – O rapaz houve uma voz assustadora
e estridente – Masamune!
Masamune
acorda sentando na cama. Sua respiração estava ofegante e seu peito apertava
como se tivesse corrido quilômetros. Ele se joga novamente na cama e observa o
teto de gesso branco tentando apaziguar sua respiração. Após duas respirações
longas, o rapaz vira seu rosto para o lado e percebe o seu despertador tocar,
ele o desliga e cambaleia para chegar no banheiro.
Estudante do
segundo ano do ensino médio em uma cidade tranquila e arborizada, Akira
Masamune tinha 1,70cm de altura, seus ombros eram largos e seu porte físico era
de um atleta desleixado. Seus cabelos negros batiam um pouco abaixo de sua nuca,
porém, como ainda não era verão, ele ainda não tinha motivos o suficiente para
cortar. Seus olhos eram castanho-claros e sua pele branca deixava suas sardas destacadas,
principalmente quando corava.
No caminho
para a escola, que fazia a pé, havia um parque cheio de árvores e brinquedos
infantis. Se fizesse o caminho certo, poderia chegar a um pequeno riacho
escondido no meio das árvores. Akira adorava andar por ali, diferente do
centro, aquele local exalava ar puro e lhe deixava confortável, porém, durante
sua caminhada, o rapaz nota um movimento estranho entre os arbustos e percebe
alguns animais grandes por ali.
Na escola,
Akira fixa seus olhos no caderno e no som que a sua lapiseira fazia ao tocar em
pequenos intervalos a folha de papel em branco. Ele conseguia apenas ouvir um
zumbido em seu ouvido a manhã inteira e não conseguira focar sua atenção na
aula. Percebendo isso, em um dos intervalos para troca de professor, alguém
bate com o seu caderno na mesa do rapaz, ele se assusta e olha para cima.
-Shizura......
– Ele fala e suspira.
-Você prestou
atenção na aula ou viajou a manhã inteira? – A garota pergunta.
Shizura Karen
tinha 1,68cm, apenas dois centímetros mais baixa que Masamune, seus cabelos
castanhos estavam trançados da raiz as pontas e mesmo assim eles batiam abaixo
de sua cintura, tinha um busto pequeno e quadris estreitos, seus olhos eram
castanhos e seus lábios, mesmo sem maquiagens eram rosados como se estivesse o
tempo inteiro de batom.
-Por que a
pergunta? – Ele responde e sorri.
-Preciso de
ajuda em matemática.... – Senta na cadeira a frente da mesa de Akira – Então se
você não prestou atenção....
-.... –
Suspira e olha para o caderno dela – Qual a dúvida?
-.... – Abre
o caderno feliz tentando achar a página – não dormiu direito ontem a noite?
-Algo do
tipo....
-Pesadelos? –
Ele concorda com a cabeça dando um meio sorriso – Talvez um mal presságio?
-E você ainda
acredita nessas bobagens?
-Você não?
-Hahaha – Ri
e observa o braço da garota enfaixado – Observei que próximo ao parque há
alguns.... – Pensa – Cachorros de grande porte.... Sua casa fica próximo de lá
não é? Você está bem? – Olha nos olhos dela preocupado.
-Ah.... –
Fica sem jeito, observa seu braço e sorri para ele – Foi só um arranhão, eu
consegui controlar a situação...
-Quer
companhia para voltar para casa?
-Não.... Eu
tenho atividades no clube, então, você não precisa esperar....
-Certeza? –
Preocupado.
-Sim! Claro!
Meu irmão pode voltar comigo sem problemas... – Ri nervosa.
-Já foi a um
médico? E se ele tiver raiva...?
-Quem está
com raiva sou eu... – Murmura zangada e desviando o olhar.
-Hum? – Não
entende.
-Estou com
dúvida – Aponta para o caderno – Nessa parte...
Ao observar o problema, Masamune
consegue ajudar facilmente a garota a resolve-lo, porém, o resto do dia havia
sido em vão, pois, ele não conseguira se concentrar em nenhuma das aulas. No
caminho de volta para casa, sua vista fica turva e mesmo não sendo tarde, o céu
fica tão cinza que parecia ser altas horas da noite. Faltando alguns passos
para chegar em casa, a chuva desaba e o rapaz corre até a porta. Sua casa mais
parecia um prédio, haviam dois ou três andares para cima, o acesso a esses andares
era dado por uma escada de concreto bem ao lado direito da casa. Ao colocar a
chave, percebe que a porta não estava trancada e o chão estava molhado na
entrada.
-Vovó! – Ele fala alto colocando
sua mochila no chão e fechando a porta – você esqueceu – Olha para o seu lado
direito – A porta aberta….
A frente de Masamune estava um
corredor que levava ao banheiro e aos quartos, ao seu lado esquerdo, havia a
cozinha e uma mesa com quatro cadeiras – os armários e decoração eram todas em
madeira e em tons de marrom e branco – além de um balcão que separava a área de
cozinhar da área das refeições. Além da janela que dava para a mesa, havia uma
porta de vidro entre um armário e o balcão, que dava acesso a lavanderia. Em
seu lado direito, havia uma sapateira bem próximo a porta e a sala de estar,
com uma decoração simples, porém clássica. Haviam dois sofás, uma televisão, um
armário repleto de livros e outra mesa, dessa vez um pouco mais larga e de
material refinado. Na parede haviam quadros e um espelho. E o problema estava
justamente a frente desse espelho.
Masamune força sua visão para
enxergar direito, porém, não consegue ver muito além da silhueta de uma mulher
de branco, com as unhas de sua mão esquerda arranhando o espelho enquanto lhe
encarava ferozmente. O rapaz não consegue ver direito o seu rosto, apenas a cor
branca de sua roupa, e dois pontos vermelhos no local que deveriam estar os
olhos. Seu corpo estremece ao perceber que aquela pessoa não era sua vó, sua
mente para de funcionar por um segundo e um zumbindo no seu ouvido deixa todo e
qualquer som externo não ser ouvido. Ao ver a mão da mulher sair do espelho,
Akira morde seu lábio com força, abre a porta e sai correndo.
Apesar do medo estar tentando tomar conta do seu corpo, a dor lhe deixava sobre controle de suas pernas, que mesmo tremulas, corriam em velocidade máxima e ao perceber onde elas haviam lhe levado, estava no parque. Ele tropeça próximo de algumas árvores e vira-se para trás tentando fazer sua respiração voltar ao controle. Ao olhar para todos os lados, Masamune respira fundo algumas vezes e se levanta com cuidado, seu corpo estava encharcado e dolorido, ao olhar novamente ao redor é jogado no chão por trás e logo se vira de peito para cima, suas mãos são seguradas contra o chão e o borrão que agora estava mais visível, possuía dentes afiados e cinza, sua língua estava para fora e devido a chuva não dava para saber se o que caia em seu rosto era saliva ou água. [...] Clique aqui para continuar a leitura.
Comentários
Postar um comentário