Masamune
acorda ao sentir o seu pé sendo acariciado e ao olhar ao redor, ele estava no
chão do quarto, sem lençol e seu despertador tocando fervorosamente. Ele engole
seco e lembra-se que só adormeceu depois das 5 horas da manhã, o que lhe dava
quase nada de tempo de descanso. Ao abrir a porta de casa, ele se depara com
Yuki lhe aguardando já vestido com o uniforme branco e preto. Yuki ergue sua
mão e diz.
-Bom dia.
-.... – Masamune o fita por alguns instantes
tentando raciocinar, suspira e diz com a voz baixa – Bom dia.
Caminhando para a escola, Masamune
estava desanimado e sem vida nos olhos. Yuki lhe dá um leve empurrão e diz.
-Aconteceu alguma coisa?
-Eu não dormi nada…. Tive vários pesadelos....
Estou tão cansado....
-Oh....
-E está fazendo tanto calor….
-Calor? – Estranha.
-Como está a investigação? –
Pergunta malmente abrindo os olhos.
-Há um centro de reabilitação por
perto de lobos que mataram inocentes.... Alguns conseguiram fugir e talvez um
deles é aquele de ontem.
-Ninguém reportou isso a polícia? –
Coça os olhos.
-A polícia não se envolve nesses
casos, mas, deveriam ter se reportado a tríade – Puxa Masamune para que ele não
bata em um poste – nesse caso.
-Das duas uma.... Ou alguém deixou
eles escaparem, ou eles fugiram pelo deslize de alguém – Yuki observa o jovem
rapaz que parecia ter ingerido álcool pela madrugada – e alguém está encobrindo
outro alguém.... Eles não podem voltar a forma humana?
-Quando um lobo – Puxa o garoto para
mais próximo de si e ainda caminhando cheira o seu cabelo inconscientemente –
mata um inocente, as vezes seu psicológico fica tão afetado que ele não
consegue voltar a sua forma humana.
-Hum.... – Empurra Yuki – está
quente!
-Oh.... – Não solta o braço do rapaz
– desculpe.
Durante a aula, Akira fica com muito mais calor,
levanta-se e vai para a enfermaria da escola. Era pequena, haviam apenas três
camas separadas por cortinas, algumas mesas, cadeiras e armários com vários
tipos de embalagens, todos trancados com cadeados. Akira abre um botão de sua
blusa procurando o responsável, mas, não o acha, então deita-se em uma das
camas vazias e fecha os olhos.
-Ainda não é nem verão – Masamune
balbucia – e eu já estou derretendo…. O que está acontecendo?
Ao sentir
alguém passando a mão em seu peito descoberto, Masamune abre olhos assustado e
vê a enfermeira o olhando séria e indiferente.
-Akira Masamune, não é? – A
enfermeira pergunta com uma voz ríspida.
-Sim, algum problema professora?
De repente,
algo arranha o abdômen de Akira. A enfermeira parecia ser bem mais nova, vestia
um vestido salmão e um jaleco por cima deste, além de ter seus cabelos ruivos
presos em um coque e óculos.
-O que.....?!
-Tire suas mãos dele! – Yuki
chega ofegante e á repreende.
-Aah, Yuki! – A enfermeira diz e vira-se com um rosto inocente – não é o que
está pensando!
-É exatamente o que penso, se
tocar novamente, eu te mato Auro!
-Uuh... – Encosta seu dedo no
arranhão – estou morrendo de medo!
Yuki range os
dentes e avança na mulher. Masamune senta-se na cama e olha para os dois,
perplexo. A enfermeira estava segurando um punho de Yuki e este segurava o dela.
-Então nosso herdeiro é forte...
-Você nem imagina... – Yuki
murmura.
Auro tenta
dar uma cabeçada, em Yuki, porém o garoto dá um pulo para trás. A enfermeira
tenta soca-lo, Yuki desvia, á puxa e bate fortemente na nuca dela á fazendo
parar no outro lado da sala – de cara com a parede.
Yuki pega a enfermeira pelo
colarinho do vestido e diz.
-VOCÊ NÃO OUVIU...... – É
interrompido.
Masamune
agarra o braço de Yuki.
-Yuki.....! – Preocupado – certeza que vai bater
em uma mulher?
Yuki olha para Akira
com os olhos vermelho sangue.
-Pensa bem.... Vamos conversar com calma.... É só
um arranhão, não está nem doendo... – Yuki larga a enfermeira e fixa sua
atenção para o garoto.
-Você é tão ciumento! – Auro fala
quase sem forças – era só uma brincadeira.
Akira olha para a
enfermeira, e percebe os olhos de Yuki voltando ao azul. Auro, apertando sua
própria nuca sai da enfermaria com pressa. Akira volta para cama atordoado e
deita-se novamente com a cabeça girando. Yuki senta-se na cama próximo dele e
diz inquieto.
-Desculpe.... Eu......
-É melhor se acalmar.... – Fica
de lado e de costa para Yuki – seus olhos estavam vermelhos….
-Masamune.... – Observa o garoto – Está com medo
de mim?
-Medo? – Suspira surpreso e olha
pensativo para a cortina – não tenho medo de você...... – Vira-se de peito para
cima – é só que – Olha para Yuki – bem....
Os olhos de ambos
se encontram, nos de Yuki uma disputa entre o azul e vermelho estava em ação.
Masamune coloca a mão na testa e diz.
-Está quente.... – Fecha os olhos
– Muito quente aqui.
-“É só que” o que? – Ficando
irritado.
-Ah.... – Suspira novamente e
volta a olhar para o rapaz – Não estou com medo de você, obrigado por me
salvar.
-.... – Suspira – Como está se
sentindo?
-Na mesma.... – Sente algo
pressionar o arranhão e abre os olhos.
Yuki estava colocando um curativo
em Masamune e ao terminar de alisar parte adesiva, olha para o garoto e fica
com uma expressão preocupada.
-Eu vou ficar bem Yuki.... Não
precisa se preocupar.
-Você precisa ser marcado o
quanto antes! – Preocupado.
Com um pouco de dificuldade,
Masamune se senta e olhando nos olhos de Yuki, cansado, diz.
-Você vive falando algo sobre ser
“Marcado”, o que quer dizer com isso?
-Que precisa ser propriedade de
alguém, antes que isso se torne mais perigoso!
-..... – Revira os olhos e se
joga novamente na cama – não obrigado! A aula já vai começar....
-Mas... – É interrompido.
-A professora vai brigar com você
se não for.
-Ok.... Faça o que quiser. – Sai
da enfermaria.
Akira
adormece tentando não pensar em nada. E logo sente algo acariciando os seus
cabelos. Ao abrir os olhos, vê Shizura.
-Shi..... Zu.... – Masamune murmura.
-Ah, não queria lhe acordar –
Shizura diz – fiquei preocupada quando soube que estava aqui.
-Tudo bem... – Sorri.
-Sobre o ocorrido...
-Qual deles…. – Pisca forte – tem tanta coisa
acontecendo que você precisa ser específica.
-Yuki virando um humano.... Ser atacado por um
lobo.... Essas coisas, você não está assustado? – Funga procurando algo.
-Ah... isso... foi um espanto saber que tudo era
verdade, mas, principalmente saber que Shizura também é..... Agora tudo se explica,
o por que você é tão boa na educação física, por exemplo.
-Masamune…. Sinto o cheiro de Yuki por toda a
enfermaria.
-É por que, a enfermeira me
atacou e ele me defendeu.
-A enfermeira? No colégio temos apenas um enfermeiro.
-Hã?!
-Enfim…. Posso te pedir um favor?
-Diga – Olha nos olhos dela.
-Fique longe de Yuki.
-Que?!
-Ele é perverso, de uma péssima raça
e.... – É interrompida.
-Shizura, desculpe, mas, sou eu quem deve
julga-lo, sinto por não gostar dele, porém, Yuki não é uma pessoa má então
espero que pense duas vezes antes de pedir algo assim outra vez.... Você sabe
muito bem o que penso desse tipo de coisa.
Shizura fica
vermelha, sem jeito e sai da enfermaria com lágrimas nos olhos.
-Shizu…. – Masamune fala vendo a
garota ir embora – O que está acontecendo hoje? – Suspira e volta a se deitar.
Algumas horas depois, Yuki entra
com a bolsa de Akira na mão e diz.
-As aulas acabaram eu fiz suas anotações e.....
Vamos?
-Nada estranho? – Akira pergunta
se levantando.
-Apenas o cheiro dela – Faz uma expressão de nojo
e Akira começa a se arrumar – em você.
-Em mim? – Ri sarcástico.
-Olha, Masamune, por ela ser sua melhor amiga,
vou me controlar, mas..... Não pense que fico feliz ao vê-la perto.
-Quer dizer que está deixando de lado suas
indiferenças.... – Masamune fala terminando de abotoar sua camisa – E desde quando preciso de sua
autorização para ter ou não amigos? Eu nem conheço você direito.
-Sabe mais de mim do que muita gente, vale
ressaltar.
Ambos saem da
enfermaria. Andando pelo caminho de volta para casa, Akira se sente muito
melhor, o ar puro parecia ter curado seu humor e sua indisposição, porém ao ver
que Yuki não mudava sua rota, ele estranha e pergunta.
-Você mora aqui perto?
-Aah, é mesmo, da última vez você não me deu a chance.... Eu moro acima da sua casa. [...] Clique Aqui para continuar a leitura.
Comentários
Postar um comentário